O Ataque das Cabeças Voadoras

O Ataque das Cabeças Voadoras

Pra que servem os pôsteres de filmes?

Bem, o primeiro objetivo e acredito eu, principal, é o de anunciar. A maneira como as produtoras vão divulgar qualquer coisa sobre seus filmes, antes mesmo dos trailers (ou pré-trailers, ou teasers, ou pré-teasers…) é por meio de uma imagem estática nas redes sociais. Muitas vezes essa peça de divulgação não necessariamente se trata do pôster oficial do filme, mas pode ser tratada como tal já que possui todos os elementos de um. 

O segundo objetivo é o de informar ao público o que eles podem esperar do filme: atores, roupas, efeitos visuais, etc. A linguagem visual muitas vezes não é traduzida explicitamente, mas o público consegue interpretar bem o que aguarda por eles a partir da composição de um pôster ou pela escolha das cores.

TenetNo pôster de Tenet temos uma composição com uma linha diagonal bem demarcada, sugerindo o dinamismo próprio para filmes de ação. Além disso, ele apresenta um tom azulado frio sendo rompido apenas por pequenas partículas alaranjadas (combinação clássica) contrastando o plot de thriller e tensão com ação desenfreada cheia de explosões.

Meu objetivo aqui não é fazer um levantamento histórico sobre todos os pôsteres de filmes da história ou dar uma aula sobre análise da imagem. O que quero fazer é levantar um questionamento sobre uma característica bem marcante quando tratamos de design: as cabeças voadoras.

Pra começar, não vou dar uma de velho gritando com as nuvens aqui dizendo que os pôsteres hoje são uma merda, que os antigos é que eram bons nem nada disso, coisas ruins existem independente da época. Mas é clara a diferença das composições dos pôsteres das décadas de 50 até 80 com as feitas a partir dos anos 90 e 2000. A gente pode simplesmente botar a culpa na tecnologia, antigamente os pôsteres eram ilustrados manualmente, era esperado um tempo maior para a produção dos mesmos o que acabava contemplando também maior tempo para inspiração do artista e melhorando seu desenvolvimento, ao passo que hoje as produtoras tiram 3 trilhões de fotos dos atores, mandam pro estagiário fazer uma peça de divulgação pra ontem e o cara tem que dar seus pulos. Mas não acho que seja somente isso.

Celebridades vendem os filmes

Existem uma série de fatores do porquê o modelo de cabeças flutuantes é adotado, dentre eles podemos destacar o fato de que celebridades vendem os filmes. Quando os fãs de Piratas do Caribe veem os olhinhos maquiados do Johnny Depp num pôster isso chama a atenção deles e é um grande vetor motivacional para irem assistir ao filme. Além disso, o pa$$e dessa galera não deve ser nem um pouco barato, então quanto mais puderem sugar da imagem dessa galera mais as corporações vão fazer.

É mais fácil

Como disse anteriormente, seguir um protocolo é a maneira mais fácil e rápida para prevenirmos erros, e a coisa que o capitalismo mais gosta depois de algo rápido e fácil é algo que não precise de correção. Quando o objetivo da peça gráfica é passar uma ideia superficial sobre o que aquela coisa retratada vai tratar, empilhar todo mundo que aparece no filme é a solução óbvia, eu mesmo faço isso nas capas dos episódios e de maneira quase que intuitiva.

Apesar desses argumentos, eu não acredito 100% neles. Cabeças voado são sim soluções simples mas é possível produzir algo simples e criativo, temos diversos exemplos excelentes.

Por fim, o problema ao meu ver não está simplesmente nas cabeças flutuando no nada mas sim na falta de originalidade no desenvolvimento e direção artística do projeto. É possível trabalhar composições diferentes, focar na tipografia, tratar elementos presentes do filme de maneira curiosa para atiçar o público.

Mas algumas coisas parecem até sacanagem de tão merda.

 

 

 

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