“LOL: Se Rir, Já Era!” (3ª Temporada) – Vamos falar sério sobre riso.
A premissa é simples: Não rir. Então vamos lá, o assunto é sério, sem gracinhas nesse post.
Estamos na terceira temporada do L.O.L. Brasil, não aquele jogo de nerd, mas a atração “Se Rir, Já Era!” (Last One Laughing Brazil), que foi lançado nessa sexta, 24, diretamente na plataforma do Amazon Prime Video. E não decepciona!
Formato originalmente apresentado em “Documental”, produzido por Hitoshi Matsumoto em 2016, também para o Amazon, trata-se de um reality show de confinamento de seis horas, onde a dinâmica basicamente é reunir dez comediantes em um espaço cenográfico com palco, para que façam suas apresentações até que todos tenham se rendido ao riso, exceto, por óbvio, o campeão. O programa conta com seis episódios de pouco mais de trinta minutos cada, ideal pra assistir duma vez só em razão dos ‘ganchos’ de episódio para episódio.
Passadas duas edições, que tiveram como vencedores Flávia Reis, que ganhou uma puta final da Nany People, e Lindsay Paulino na segunda, com uma final emocionante pelo contexto da vitória – dedicada a Caike Luna, parceiro de comédia falecido no enfrentamento contra um câncer -, eis que temos a terceira, para mim, a melhor até então.
Contando com a apresentação de Tom Cavalcante e Fabiana Karla [melhor composição de apresentadores das três edições, até porque existe um claro equilíbrio entre ambos, diferentemente das duas anteriores, onde Tom posava como ‘big boss’], a terceira temporada tem um elenco diversificado dentro de sua proposta, com participantes da área das artes cênicas, palhaços, imitadores, ‘standupeiros’ e comediantes. Vale para trazer velhos conhecidos da comédia nacional e dar maior visibilidade aos demais participantes já consolidados em seus trabalhos. É um plantel de experientes fazedores de riso.
Nessa edição, participam Ed Gama (fonte de imitações e efetivo no humor ‘quintasseriesco’), Suzy Brasil (personagem travestida de um brilhantismo de sagacidade avassalador), Dadá Coelho (humorada na veia nordestina), Marcio Ballas (autonomeado palhaço e improvisador), Júnior Chicó (versátil na montagem de personagem e sobreposição de piadas), Karina Ramil (atriz com um quê de humor mais técnico e teatral), Maria Clara Gueiros (experiente comediante, que flutua bem entre todas vertentes apresentadas), Maíra Azevedo (a tia Má, com um humor militante, crítico, necessário, porém breve!), Paulinho Serra (um mestre na construção de números de comédia) e Rodrigo Marques (‘standupeiro’ multifuncional, coadjuvante de ouro em várias interações).
O início da disputa é muito interessante, repetindo-se em todas as edições com os participantes buscando se situarem dentro do jogo, literalmente, ora no ataque aos rivais, como faz ‘Tia Má’ [Maíra Azevedo], ora na defesa evasiva das piadas, ao exemplo de Dadá Coelho, a ponto de render a tirada: “esse povo vem com problema pessoal muito sério para não rir de nada” (by Paulinho Serra).
No prosseguimento do jogo temos deliciosos momentos que vão do humor técnico, de montagem, de planejamento e construção de piadas, até o mais reles, baixo, ‘quintasseriesco’, bobagento, que lança mão às performances físicas, bobas, e de respostinhas cretinas que rendem muito riso, inclusive com trocadilhos, palavrões e beijos inesperados. O que faz repensar que o limite do humor talvez seja o cabelo de Ed Gama.
Nos derradeiros momentos é muito legal ver como os remanescentes apelam para um humor cada vez mais absurdo [“pássaro-cu” / “peixe-bunda”], com a escassez dos repertórios já apresentados no início da atração (pois um mesmo golpe não funciona duas vezes contra um cavaleiro de ouro, hãn, hãn…).
No meio de tudo isso ainda há espaço para momentos de pura emoção, que furtam o riso nas despedidas dos artistas que saem pouco a pouco dos holofotes do desafio. É um show bonito.
Um final justo, com eliminações necessárias, mas nem por isso menos importantes, que abrilhantam a edição. O primeiro lugar pode ser até discutível pelo alto nível dos finalistas [apesar do critério objetivo utilizado], porém vem dentro do esperado daquilo que se apresentou no decorrer do jogo. Uma final digna com o prêmio dividido entre todos os participantes, que ganham espaço para divulgarem suas performances, e ainda por cima ajuda uma instituição de caridade escolhida pelo(a) vencedor(a).
Para quem foge de produções de terror, tipo eu, e preferem se alienar no riso, “Se Rir, Já Era!” é uma boa pedida, pois oportuniza a descoberta de mais vertentes do humor tupiniquim, apesar dos inimigos da alegria como Diogo Defante (predicado: carioca) e Gkay (influencer digital) em edições anteriores.
Por fim, Ed Gama cubra sua bunda.
Por aqui encerro. Tchau, dinossauros.