Pensei que fosse documentário no litoral do Brasil, mas era um cara montando um minhocão – DUNA 2.
E aí, ‘seus malas’, vim borrifar inseticida aqui no site, que segue tão parado igual água de poço, com sério risco de criar dengue (aliás, não deixe água parada aí no seu cafofo não, hein, epidemia de dengue tá foda, meu chapa).
Enfim, vamos falar de coisa séria: Fui ver a sequência de Duna – que incrivelmente ganhou o título de Duna – Parte Dois (o inimigo agora é outro), aqui no Brasil, e no original é Duna – Parte Dois, só que em inglês.
Por onde começar? Não sei, mas vamos lá.
A trama é uma sequência direta do primeiro filme (ah, vá), que por sua vez é uma adaptação da obra literária de mesmo nome do autor Frank Herbert, cujos livros eu ainda não li nenhum (pasmem!). E se ambienta na disputa política do poder galáctico sustentado na discussão de viés religioso, em que vemos o desenvolvimento do protagonista Paul Atreides e sua jornada do “herói” (sim, entre aspas).
Para quem viu o primeiro filme, ficou divido em opiniões: Algumas pessoas acharam ‘cabeça’ demais, com pouca ação. Outras, como eu, gostaram, mesmo sem ter tido contato com a obra original, e foi esse público quem mais ganhou com a segunda parte da obra cinematográfica.
O primeiro filme, de 2021, é muito bom, tanto é que teve 10 indicações ao Oscar (Schmidt), levando 6 estatuetas, a maior parte de caráter técnico.
O segundo não deixa a desejar, sob a mesma direção de Denis Villeneuve, segue tecnicamente excelente, com destaque para o som envolvente da trilha do mestre Hans Zimmer, e fotografia de Greig Fraser, cada vez mais maduro em sua execução, que nos faz pensar que Duna 2 ora seria um Mad Max com vermes no deserto, ora seria um 300 de Sparta com guerreiros vestidos em traje espacial (ai! perdão por comparar algo bom com uma obra de Snyder).
Você não pode deixar escapar a oportunidade de assistir esse filme na telona do cinema na melhor qualidade que o dinheiro do ingresso possa dispor, digno de blockbuster. E olha que quem tá falando odeia as filas para comprar pipoca e a leseira de quem está saindo no fim da sessão.
Se a primeira parte foi necessariamente extensa para apresentar e contextualizar toda trama, inclusive ao próprio protagonista, na segunda parte vemos um Paul Atreides ascendente, que cumpre a transição hesitante e parte para a consagração messiânica. E aqui vemos o grande acerto da direção de Villeneuve, que trabalha a história na dubiedade de que a profecia do prometido, na verdade se trataria de uma bem armada estratégia de mera disputa política, e no fim acaba sendo isso mesmo, com boas reviravoltas ao longo do longa. Mas a história é tão dúbia que vários elementos dispersados no filme consolidam a dita profecia, a ponto do espectador, que havia comprado a ideia de ‘apenas uma briga por poder’, passar a acreditar na profecia do Kwisatz Haderach ou do Lisan al Gaib.
Os personagens principais estão bem trabalhados e se consolidam ao longo do filme, enquanto os novos personagens, mesmo com eventual pouco tempo de tela, são bem inseridos, e mais uma vez temos um acerto para a direção, ao não se preocupar em aprofundar explicações do Globo Repórter (onde vivem, o que comem…), você entende a função de cada um mediante sua participação, é funcional e pronto. Aqui damos destaque para Zendaya (Chani), que está absoluta em cada ato que se propõe, Christopher Walken (Imperador Shaddam IV) como um velho monarca pragmático para manutenção do poder, e Austin Butler (Feyd-Rautha) que é mau feito o pica-pau e, com o enredo, mostra-se um rival à altura de Paul Atreides, ou do transformado guerreiro Paul Muad’Dib Atreides, o já estrelado Timothée Chalamet, que cumpre seu papel na tela, mas que na minha avaliação não ‘engrossa a voz’ o suficiente nas cenas que pedem um messias esbravejante (me desculpem, mas eu não consigo comprar a marra de menino-criado-com-vó do Chalamet, mesmo depois de ter comido barro no deserto de Arrakis e montado no minhocão [ui!] Shai-Hulud), porém ainda assim não perde na média de atuação do elenco, ao contrário, – mesmo com atuações mais baixas como de Javier Bardem (Stilgar) – um Dave Bautista (Rabban) e um Josh Brolin (Gurney) que acrescentam no desenrolar da história.
O certo é que o Duna: Parte Dois é um filme que entrega ainda mais que o primeiro, principalmente onde houve críticas: as sequências de ação, ou melhor, na falta delas, e na técnica da montagem de toda produção, com a ressalva de que minha percepção (se é para apontar alguma falha) podemos citar o tempo em que foram apresentados os eventos, que, ao meu ver, não foram bem marcados na edição, mas isso não chega a ser um ponto a menos.
Este segundo filme é ainda mais grandioso que o primeiro porque ao invés de garantir a vinda do messias domador de vermes gigantes como um fato bom, ele deixa pairando no espectador a ideia de que talvez um dito messias, ao contrário do prometido, não tenha vindo para salvar almas, mas para perdê-las. Eis a maestria da direção de Villeneuve com a adaptação de uma obra que discute política e religião tão bem.
Nota? Eu não vou falar aqui não, prefiro guardar para falar em algum podcast do Ideia Errada… isso é, se eu lembrar e não for interrompido pelo Godoi, ou pelo Matheus fazendo ‘manterrupting’ comigo.
… E qual será o fator de proteção solar em Giedi Prime, hein?!…
Já pararam para pensar que o filhote de alien cantante e dançante de Spaceballs seria a mistura de Elvis com Feyd-Rautha do Austin Butler ?!